(...) D. Tareja de Fernando Pessoa, trata-se da súplica derradeira do português ao feminino. Uma tentativa de reconciliação para com a figura maternal, para que esta liberte o homem português desse castigo que o condena a gerir dentro de si quer a alma de Édipo, quer um ódio à terra poética que o envolve e que nas suas paisagens românticas o isolam, apenas as podendo colorir nesses desejos literários que pautam de estética o seu amor, tornando-o incapaz de ser correspondido face ao teor titânico e doentio que este seu lado toma.
São estes castigos que o fazem procurar o mar, já que face a uma viagem a companhia desejada vê-se temporariamente adiada dentro do seu desejo, mas nunca apagada. Provocando no homem português uma imaturidade própria de um apaixonado.
O homem português sofre assim uma castração na sua vontade, ficando preso a ideais mundanos de adquirir transcendentalidade, estando assim condenado ao insucesso e á permanente necessidade de salvação, num Portugal melancólico.
Fernando Pessoa faz então este pedido de perdão e apaziguamento, para a recriação do sentido de ser português, apartir da misericórdia materna, anteriormente afrontada, esquecendo os desejos mundanos e assim alcançar uma satisfação transcedental.(...)
luis metello
Sem comentários:
Enviar um comentário