Grupo I
1. "Há metaphysica bastante em não pensar em nada."
Como estudámos, Alberto Caeiro era um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Apesar da sua fraca instrução, Caeiro era considerado o "mestre" de todos os outros. A linguagem utilizada na sua poesia era pouco rebuscada pois o poeta procurava apresentar factos e apenas concluir acerca dos mesmos e tudo isto sem uma grande dimensão linguística, era tudo bastante simples e claro. Este aspecto acerca da maneira de escrever de Caeiro tinha muito, senão tudo a ver como e maneira como ele "pensava". Era um homem simples, dispensava qualquer acto de pensamento e limitava-se a observar o mundo à sua volta com a maior simplicidade de todas. Se Caeiro afirmava que o Sol era amarelo, era porque um dia ele tinha visto que de facto o sol era amarelo, logo a explicação para essa afirmação era feita exactamente a partir dessa simples observação por parte do poeta. Muitos escrevem sobre o facto de Alberto Caeiro ser um antimetafísico e talvez tenham razão. Curiosamente, este poema vai ligar-se directamente a este aspecto, nomeadamente logo a primeira estrofe que está exposta como uma ideia muito clara e concisa relativemente à ideologia do poeta. Por outras palavras, e tentando explicar da melhor forma, a primeira estrofe é uma tradução directa do que vem da cabeça de Caeiro. De certo modo, ele afirma que "pensar em nada" já é suficiente e põe em causa a existência da metafísica. Para Caeiro, o simples facto de observar e sentir o mundo envolvente é esclarecedor e é o suficiente para ele. Não sente qualquer necessidade em procurar explicações lógicas para o porquê das coisas. Orienta-se simplesmente pelos sentidos e é este pequeno grande pormenor que espelha a sua poesia e a torna tão peculiar.
Grupo II
2. Neste poema surge uma oposição entre o interior e o exterior. Estes dois termos presentes na oposição podem relacionar-se com o sonho e com a realidade respectivamente. A divisão feita entre o interior e o exterior é com uma recomendação para a vida. Enfrentar a realidade tal como ela é, não fugir à normalidade e actuar sobre parâmetros não muito diferentes dos dos outros. Por outro lado, sonhar é criar um mundo prório a que ninguém tem acesso. Um mundo tão peculiar onde tudo nasce naturalmente, onde a realidade desejada surge como um desejo profundo da nossa existência. Somos um "duplo ser guardado" onde vive uma realidade e voa sobre ela um sonho. A realidade que todos vêem e o sonho que faz dos outros cegos.
Rita Ralão, nº 23
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