Grupo I
3. A partir desta citação de Álvaro de Campos sobre o seu Mestre Alberto Caeiro, podemos ver muitas das características que identificam este poeta.
A felicidade que Caeiro tem presente apenas por poder ver “flores, campos largos, águas com sol”, leva-nos a perceber que este poeta é feliz apenas por existir e poder sentir todas as emoções que a natureza nos proporciona, sem qualquer tipo de intelectualização destas emoções e destas maravilhas naturais.
Através da quarta estrofe do poema V, vemos como Caeiro aprecia as árvores e a sua “metafísica”, que é apenas a de existirem: não têm qualquer sentido para a vida, não vivem a nostalgia do passado e não tem medo da vida, nem da morte.
Caeiro identifica-se com a Natureza, como se também fizesse parte dela, como se fosse um rio ou uma árvore. Isto porquê? Porque o seu único propósito é existir, apreciar a vida e o presente.
Esta felicidade e alegria de viver é tão evidente que Álvaro de Campos diz que a expressão da boca era a última coisa em que se reparava, porque o “sorriso de existir” presente em Caeiro era muito mais evidente do que o que este dizia e explicava aos outros heterónimos pessoanos.
Assim, Alberto Caeiro era o Mestre porque era o único capaz de apreciar as pequenas coisas e ser feliz apenas por existir. Sendo então, um verdadeiro exemplo para os outros heterónimos.
Grupo II
2.1. Neste poema podemos ver uma grande oposição entre o “interior” e o “exterior”.
Existe realmente um grande contraste. O “exterior”, o que está “aberto” ao mundo, deverá ser bonito, deverá dar uma ideia de que tudo está bem. “Flores são as mais risonhas / Para que te conheçam assim”, “Faze canteiros como os outros têm, / Onde os olhares possam entrever”, são algumas das passagens do poema que mostram a tentativa do poeta de parecer feliz perante os outros e perante o mundo. Esta “personagem” que é passada para o exterior não é verdadeiramente Fernando Pessoa mas sim um dos heterónimos por este criados.
Já no “interior”, o poeta é uma pessoa triste e que vive angustiada. “Onde ninguém o vir não ponhas nada”, “onde és teu, e nunca ninguém o vê, / Deixa as flores que vêm do chão crescer / E deixa as ervas medrar” e “Um jardim ostensivo e reservado” são alguns exemplos do que verdadeiramente é Fernando Pessoa: alguém sozinho, angustiado e infeliz, isto porque, é no seu “interior” que Fernando Pessoa está fragmentado e perdeu a sua identidade, é no seu “interior” que vive a angústia de já não ser apenas uma unidade e de não ter qualquer controlo sobre si próprio.
Talvez esta seja uma das razões porque Pessoa é considerado o “poeta fingidor” pois, para o que lhe é “exterior” mostra alguém feliz que na verdade, no seu “interior”, não existe.
Carolina Simão
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