1. “Há metaphysica bastante em não pensar em nada”. Esta frase de Alberto Caeiro traduz em grande parte toda a sua personalidade e estrutura mental. Embora seja um heterónimo de Fernando Pessoa, este é considerado pelo próprio Pessoa como o Mestre, por ser alguém que o poeta gostaria de ser; feliz, por nada procurar nem por se basear em nada do Universo. Guiando-se apenas pelas sensações, Caeiro nega a existência de tudo aquilo que está “(…) para além da linha do horizonte”, ou seja, o que está para além daquilo que os seu olhos pensam ver. Porque se não vê, é obrigado a pensar, e pensar é algo que Alberto Caeiro recusa: “Pensar incomoda como andar à chuva”, exclama o heterónimo no seu Poema Primeiro. No entanto ele pensar, ao raciocinar que não pensa daí a frase “Há metaphysica bastante em não pensar em nada”, já que esta recusa é como uma anti-metaphysica em que Caeiro se baseia para se opor à própria metaphysica tão típica dos filósofos e pensadores que despreza. A conclusão final é então: para Alberto Caeiro, não pensar contém a existência da própria metaphysica.
Mariana Freire
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