quarta-feira, 13 de abril de 2011

Respostas do Quarto Teste

4) "A Última Nau" é um poema de Fernando Pessoa incluído na sua obra Mensagem. O sujeito poético inicia o poema com a despedida de D. Sebastião e as lágrimas e saudade dos que o vêem a partir e aguardam com ânsia o seu regresso. Os primeiros quatro versos referem-se a esta despedida sob um sol aziago e os dois seguintes ao sentimento de saudade (e suas emoções derivadas) experienciado pelos que dele se despedem. Na segunda estrofe, Pessoa informa que o Rei não voltou e refere-se a uma ilha à qual o Rei terá aportado (interpreto como a "indiscoberta" ilha da morte ou a eterna ilha da saudade) e questiona se o Rei voltará algum dia. Quando o poeta referencia o "sonho escuro/ e breve", pode estar a referir-se a um reinado longo que D. Sebastião teria ainda pela frente, mas que, devido ao incidente da batalha de Alcácer-Quibir, se tornou curto (breve) e neste caso o sonho não o iluminou, mas, pelo contrário, levou à sua perdição. Na terceira estrofe, o sujeito poético refere-se ao povo português como um povo com "falta de alma", isto é, com pouca vontade de lutar, com poucas ambições e muita resignação e conclui que o mar não tem tempo ou espaço (é o mesmo de há muitos séculos e não mudou de aparência), por isso a qualquer momento espera o regresso do Rei, que é o regresso da esperança por um povo que acredita que ainda não está perdido. Na última estrofe, o sujeito poético fala do "quinto império" que está por surgir ("Não sei a hora, mas sei que há a hora") e que surgirá como um sol que vai raiar, dissipando as trevas da névoa.

6) Neste poema existe um contraste evidente entre o passado glorioso, um presente obscuro e um futuro incerto, mas carregado de optimismo na perspectiva de Pessoa. O passado (nomeadamente o tempo dos Descobrimentos em que Portugal e Espanha foram incontestáveis potências), é referido por Pessoa como um possível futuro, com Portugal a ser uma grande potência: "E erguendo, como um nome, alto o pendão/ Do império" que é o passado do império português e " Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora/ Mistério/ Surges ao sol em mim, e a névoa finda" indica um futuro próspero para a nação portuguesa, em que o sol vai quebrar a rotina estável com que a névoa cobre um Portugal do presente. Complementarmente, o sujeito poético não espera o regresso físico do Rei D. Sebastião, mas espera o regresso do espírito revolucionário, inovador, criativo e favorável aos "Reis D. Sebastiões" do futuro, que possam levar Portugal a um império como foi no passado: [será] o quinto império.

Tomás Pereira

quinta-feira, 7 de abril de 2011

4º Teste

3.
 O estado de espirito que invade o Poeta é como um acordar da ebriedade, ele diz "Não mais musa, não mais...". Depois de ter cantado e celebrado os feitos e as histórias lusitanas, o Poeta volta a si cansado e ressacado do turbilhão de êxtase a que esteve sujeito, mas que no fim, em pouca glória acaba, levando-o ao desalento e vê que veio "cantar a gente surda e endurecida". 
 O Poeta demarca-se dos momentos de optimismo que apresentava na Preposição, na Invocação e na Dedicatória, demarca-se do tom épico patente na obra que nos fala dos valorosos feitos mas aos quais ainda faltam a Glória.  O Poeta cansa-se, o Poeta tenta alertar para o pouco serviço prestado à pátria das gentes que o ouvem, das gentes que estão entre ele e o Rei, D. Sebastião.
 Camões volta desse mundo tão valoroso português que quando encontra e se confronta com o que vê deixa-se desanimado, e nem mesmo a Musa, nem mesmo o engenho podem conseguir faze-lo continuar a cantar,  se então a pátria se abstiver de concretizar "nobres" feitos.

5.
 Na celebração literária portuguesa a "Ilha Indescoberta" de Fernando Pessoa, poderá ser correspondente à "Ilha dos Amores" de Camões e, assim sendo, representando a "Ilha dos Amores" um espaço em que os marinheiros se uniam transcendentalmente, quer pela carne, quer pelo espírito, com Ninfas, se a nau que leva D. Sebastião lá aportou, então, o poema fala-nos de uma certa mística do que é ser português, em que o amor ocupa um lugar cimeiro e em que a nobreza de espírito é algo patente, conferindo assim, a este poema uma espécie de presságio de um triunfo desse Português Grandioso que reside no sonho de cada um e em que as vitórias não são recompensadas em espaços mundanos mas sim em espaços transcendentais.

6.
 Grandes feitos foram realizados e está na sina da alma portuguesa almejar a realização de mais. O grande império conquistado foi engolido pela decadência.
 O passado guarda em si a capacidade que o português tem em dominar o mundo, grandes almas, valentes reis, príncipes apaixonados e poetas proféticos derrotados. A qualidade chegou na conquista do mundo corpóreo nesse passado e há de chegar para conquistar o mundo transcendentalmente, no futuro.
 O desaparecimento de D. Sebastião marcou para sempre um presente incerto em que, no futuro, apenas de pode esperar pelo seu regresso. É um futuro permanentemente futuro.
 O presente é criticado austeramente pela pequenez que encerra dês do declínio do Império que acontece com o desaparecimento de D. Sebastião no passado, e assim, o futuro é exultado na esperança do regresso do Salvador do Império, que, morto fisicamente, o seu retorno será marcar na alma de cada um a capacidade da glória em impor o sentimento português ao Mundo.

7.
Concordo com o texto de António José Saraiva, isto porque se vêm Os Lusíadas como uma obra em que é procurada uma critica, um "discurso" que se desenvolve, em que, primeiramente, se mostra o valor que o rei tem em si e a pós isso, são demonstrados todos os feitos realizados pela pátria, que se conclui quando o Poeta retorna a dirigir-se ao jovem rei fechando a sua argumentação, profetizando o que o rei ainda pode fazer e o que deve alterar em si.
 Assim, podemos olhar para Os Lusíadas, não só como uma exultação da pátria, são só como epopeia, não só como um texto lírico, mas também como uma obra que serve de manual a esse jovem rei, para saber como conduzir a pátria, com deve amar, como deve honrar o lugar divino que lhe foi designado, e por final, como deve ser, enquanto homem, enquanto português.

luis metello

terça-feira, 22 de março de 2011

Análise D.Tareja

(...) D. Tareja de Fernando Pessoa, trata-se da súplica derradeira do português ao feminino. Uma tentativa de reconciliação para com a figura maternal, para que esta liberte o homem português desse castigo que o condena a gerir dentro de si quer a alma de Édipo, quer um ódio à terra poética que o envolve e que nas suas paisagens românticas o isolam, apenas as podendo colorir nesses desejos literários que pautam de estética o seu amor, tornando-o incapaz de ser correspondido face ao teor titânico e doentio que este seu lado toma.
 São estes castigos que o fazem procurar o mar, já que face a uma viagem a companhia desejada vê-se temporariamente adiada dentro do seu desejo, mas nunca apagada. Provocando no homem português uma imaturidade própria de um apaixonado.
 O homem português sofre assim uma castração na sua vontade, ficando preso a ideais mundanos de adquirir transcendentalidade, estando assim condenado ao insucesso e á permanente necessidade de salvação, num Portugal melancólico.
 Fernando Pessoa faz então este pedido de perdão e apaziguamento, para a recriação do sentido de ser português, apartir da misericórdia materna, anteriormente afrontada, esquecendo os desejos mundanos e assim alcançar uma satisfação transcedental.(...)

luis metello

segunda-feira, 21 de março de 2011

3º teste - respostas

Grupo I
3. A partir desta citação de Álvaro de Campos sobre o seu Mestre Alberto Caeiro, podemos ver muitas das características que identificam este poeta.
A felicidade que Caeiro tem presente apenas por poder ver “flores, campos largos, águas com sol”, leva-nos a perceber que este poeta é feliz apenas por existir e poder sentir todas as emoções que a natureza nos proporciona, sem qualquer tipo de intelectualização destas emoções e destas maravilhas naturais.
Através da quarta estrofe do poema V, vemos como Caeiro aprecia as árvores e a sua “metafísica”, que é apenas a de existirem: não têm qualquer sentido para a vida, não vivem a nostalgia do passado e não tem medo da vida, nem da morte.
Caeiro identifica-se com a Natureza, como se também fizesse parte dela, como se fosse um rio ou uma árvore. Isto porquê? Porque o seu único propósito é existir, apreciar a vida e o presente.
Esta felicidade e alegria de viver é tão evidente que Álvaro de Campos diz que a expressão da boca era a última coisa em que se reparava, porque o “sorriso de existir” presente em Caeiro era muito mais evidente do que o que este dizia e explicava aos outros heterónimos pessoanos.
Assim, Alberto Caeiro era o Mestre porque era o único capaz de apreciar as pequenas coisas e ser feliz apenas por existir. Sendo então, um verdadeiro exemplo para os outros heterónimos.

Grupo II
2.1. Neste poema podemos ver uma grande oposição entre o “interior” e o “exterior”.
Existe realmente um grande contraste. O “exterior”, o que está “aberto” ao mundo, deverá ser bonito, deverá dar uma ideia de que tudo está bem. “Flores são as mais risonhas / Para que te conheçam assim”, “Faze canteiros como os outros têm, / Onde os olhares possam entrever”, são algumas das passagens do poema que mostram a tentativa do poeta de parecer feliz perante os outros e perante o mundo. Esta “personagem” que é passada para o exterior não é verdadeiramente Fernando Pessoa mas sim um dos heterónimos por este criados.
Já no “interior”, o poeta é uma pessoa triste e que vive angustiada. “Onde ninguém o vir não ponhas nada”, “onde és teu, e nunca ninguém o vê, / Deixa as flores que vêm do chão crescer / E deixa as ervas medrar” e “Um jardim ostensivo e reservado” são alguns exemplos do que verdadeiramente é Fernando Pessoa: alguém sozinho, angustiado e infeliz, isto porque, é no seu “interior” que Fernando Pessoa está fragmentado e perdeu a sua identidade, é no seu “interior” que vive a angústia de já não ser apenas uma unidade e de não ter qualquer controlo sobre si próprio.
Talvez esta seja uma das razões porque Pessoa é considerado o “poeta fingidor” pois, para o que lhe é “exterior” mostra alguém feliz que na verdade, no seu “interior”, não existe.

Carolina Simão
3º Teste
Grupo II
1.

O primeiro verso do poema está no imperativo e dá uma instrução ao destinatário, "Cerca de grandes muros quem te sonhas".
 Esta instrução trata-se de  um conselho, o poeta diz ao destinatário, para isolar do exterior aquele que este se imagina ser, portanto, o destinatário deve adoptar esta regra na sua vivência, deixando o seu interior resguardado, sem no entanto deixar de mostrar alguns dos seus pequenos laivos entre frestas.
 O poema irá fecundar-se apartir desta distinção que deve ser feita na dualidade interior/ exterior que nos compõe. Contudo, este verso inicial é fundamental, na medida que, funciona como uma primeira premissa sobre a qual o resto do conselho, do poeta, deriva.
 Isolar e proteger a pessoa que pensamos ser, distinguindo então no final desta divisão o nosso exterior e o nosso exterior.


luis metello

domingo, 20 de março de 2011

"Mas todo o vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria"

A crise com que nos deparamos actualmente não vem de agora. Já no tempo de Fernando Pessoa havia crise. Talvez o infante que se fala no poema de D. Tareja, seja o Portugal pouco amadurecido que cedo foi largado do colo da mãe e do seu peito. É curioso quando Pessoa fala de peito, já que os bebés mais saudáveis são os que mais tempo estiveram a mamar do leite das suas mães...será que então o poeta tenta transmitir-nos que devemos voltar a ouvir quem tem experiência, sabedoria e nos quer bem( a nossa mãe )? Será o caminho de um novo Portugal, forte e maduro?

Mariana Freire

Sobre o teste e Alberto Caeiro

1. “Há metaphysica bastante em não pensar em nada”. Esta frase de Alberto Caeiro traduz em grande parte toda a sua personalidade e estrutura mental. Embora seja um heterónimo de Fernando Pessoa, este é considerado pelo próprio Pessoa como o Mestre, por ser alguém que o poeta gostaria de ser; feliz, por nada procurar nem por se basear em nada do Universo. Guiando-se apenas pelas sensações, Caeiro nega a existência de tudo aquilo que está “(…) para além da linha do horizonte”, ou seja, o que está para além daquilo que os seu olhos pensam ver. Porque se não vê, é obrigado a pensar, e pensar é algo que Alberto Caeiro recusa: “Pensar incomoda como andar à chuva”, exclama o heterónimo no seu Poema Primeiro. No entanto ele pensar, ao raciocinar que não pensa daí a frase “Há metaphysica bastante em não pensar em nada”, já que esta recusa é como uma anti-metaphysica em que Caeiro se baseia para se opor à própria metaphysica tão típica dos filósofos e pensadores que despreza. A conclusão final é então: para Alberto Caeiro, não pensar contém a existência da própria metaphysica.

Mariana Freire