O estado de espirito que invade o Poeta é como um acordar da ebriedade, ele diz "Não mais musa, não mais...". Depois de ter cantado e celebrado os feitos e as histórias lusitanas, o Poeta volta a si cansado e ressacado do turbilhão de êxtase a que esteve sujeito, mas que no fim, em pouca glória acaba, levando-o ao desalento e vê que veio "cantar a gente surda e endurecida".
O Poeta demarca-se dos momentos de optimismo que apresentava na Preposição, na Invocação e na Dedicatória, demarca-se do tom épico patente na obra que nos fala dos valorosos feitos mas aos quais ainda faltam a Glória. O Poeta cansa-se, o Poeta tenta alertar para o pouco serviço prestado à pátria das gentes que o ouvem, das gentes que estão entre ele e o Rei, D. Sebastião.
Camões volta desse mundo tão valoroso português que quando encontra e se confronta com o que vê deixa-se desanimado, e nem mesmo a Musa, nem mesmo o engenho podem conseguir faze-lo continuar a cantar, se então a pátria se abstiver de concretizar "nobres" feitos.
5.
Na celebração literária portuguesa a "Ilha Indescoberta" de Fernando Pessoa, poderá ser correspondente à "Ilha dos Amores" de Camões e, assim sendo, representando a "Ilha dos Amores" um espaço em que os marinheiros se uniam transcendentalmente, quer pela carne, quer pelo espírito, com Ninfas, se a nau que leva D. Sebastião lá aportou, então, o poema fala-nos de uma certa mística do que é ser português, em que o amor ocupa um lugar cimeiro e em que a nobreza de espírito é algo patente, conferindo assim, a este poema uma espécie de presságio de um triunfo desse Português Grandioso que reside no sonho de cada um e em que as vitórias não são recompensadas em espaços mundanos mas sim em espaços transcendentais.
6.
Grandes feitos foram realizados e está na sina da alma portuguesa almejar a realização de mais. O grande império conquistado foi engolido pela decadência.
O passado guarda em si a capacidade que o português tem em dominar o mundo, grandes almas, valentes reis, príncipes apaixonados e poetas proféticos derrotados. A qualidade chegou na conquista do mundo corpóreo nesse passado e há de chegar para conquistar o mundo transcendentalmente, no futuro.
O desaparecimento de D. Sebastião marcou para sempre um presente incerto em que, no futuro, apenas de pode esperar pelo seu regresso. É um futuro permanentemente futuro.
O presente é criticado austeramente pela pequenez que encerra dês do declínio do Império que acontece com o desaparecimento de D. Sebastião no passado, e assim, o futuro é exultado na esperança do regresso do Salvador do Império, que, morto fisicamente, o seu retorno será marcar na alma de cada um a capacidade da glória em impor o sentimento português ao Mundo.
7.
Concordo com o texto de António José Saraiva, isto porque se vêm Os Lusíadas como uma obra em que é procurada uma critica, um "discurso" que se desenvolve, em que, primeiramente, se mostra o valor que o rei tem em si e a pós isso, são demonstrados todos os feitos realizados pela pátria, que se conclui quando o Poeta retorna a dirigir-se ao jovem rei fechando a sua argumentação, profetizando o que o rei ainda pode fazer e o que deve alterar em si.
Assim, podemos olhar para Os Lusíadas, não só como uma exultação da pátria, são só como epopeia, não só como um texto lírico, mas também como uma obra que serve de manual a esse jovem rei, para saber como conduzir a pátria, com deve amar, como deve honrar o lugar divino que lhe foi designado, e por final, como deve ser, enquanto homem, enquanto português.
luis metello
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