sábado, 20 de novembro de 2010

Volume das Coisas

não gosto de estar sozinho
não gosto de estar acompanhado 
vejo lentamente, que enquanto procuro algo 
nada me ocorre tão violentamente como alguém 
oiço tiros obscuros dentro da caixa que me fecha 
em silêncio vagueiam murmúrios que me inquietam 
tudo se resume à clareza de que nada gosto 
ou então, que nada me faz gostar como já o fiz 

a humanidade de um pensamento reduz se ao ridículo 
não por ser exprimida por mim 
mas confrontada pelo exterior 
o exterior, faz parecer todo um complexo sistema de pensamentos 
como se de lunatismo se tratasse 
não é fiel ao que eu sinto 
não é fiel o meu corpo, ao vazio que me enche o espírito 
sem que por isso encontre algo 

gosto do céu, bem claro bem claro 
gosto do fogo que é fresco, é doce, poucas vezes amargo 
gosto da terra fina que quando agarro serpenteia 
gosto do mar no qual me afogo 
gosto dos edifícios finos e longos 
gosto do volume das coisas que me fazem perder em pensamentos loucos 
no fundo gosto de ti 
e apenas de ti

C.H. Wasson

1 comentário:

  1. Embora possa ser chato, gostava de saber quem publicou este poema. De que gostei bastante, por sinal.

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