Cerca de grandes muros quem te sonhas. Depois, onde é visível o jardim Através do portão de grade dada, Põe quantas flores são as mais risonhas, Para que te conheçam só assim. Onde ninguém o vir não ponhas nada. Faze canteiros como os que outros têm, Onde os olhares possam entrever O teu jardim com lho vais mostrar. Mas onde és teu, e nunca o vê ninguém, Deixa as flores que vêm do chão crescer E deixa as ervas naturais medrar. |
Faze de ti um duplo ser guardado;
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és -
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
E que ninguém, que veja e fite, possa
Saber mais que um jardim de quem tu és -
Um jardim ostensivo e reservado,
Por trás do qual a flor nativa roça
A erva tão pobre que nem tu a vês...
Fernando Pessoa
Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo,
ResponderEliminarPróle do Avérno, effeito do Peccado,
Tudo a cinza reduz, brandindo, irado,
Com sanguinosas mãos o ferro agudo.
Oh fatal Desengano, horrendo, e mudo,
Em pavorosos marmores gravado!
Oh letreiros da Morte! Oh ley do Fado!
He verdade, he verdade: acaba tudo.
Eis o nosso miserrimo Destino:
Assim o ordena quem nos Ceos impéra;
Basta, adoremos o Poder Divino.
Reprime os passos, caminhante, espera,
E no Epitafio do infeliz Jozino
Lê o teu nada, o que tu és pondéra
du Bocage
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ResponderEliminarGosto Muito